sexta-feira, 1 de outubro de 2010

50% da população brasileira está acima do peso

O IBGE publicou em agosto de 2010 os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-2009 sobre o estado nutricional da população do Brasil. A pesquisa mostrou claramente o cenário atual da transição nutricional do país que já vem se modificando ao longo dos anos. Aproximadamente metade dos adultos estão com excesso de peso. Este é um dado alarmante, a obesidade vem crescendo ao longo dos anos como mostram estudos populacionais anteriores.

Neste estudo foram entrevistadas 188.461 pessoas de todas as idades. Foi investigado o estado nutricional da população através de medidas antropométricas, como: altura para idade (A/I), peso para idade (P/I) e IMC (índice de massa corporal) para cada idade, com base na Organização Mundial de Saúde. 

A pesquisa destaca essa transição baseada nos dados anteriores dos inquéritos do ENDEF de 1974-1975, em que os índices de desnutrição infantil eram elevados. Um dos principais indicadores de desnutrição, o déficit de altura, entre crianças de 5 a 9 anos na pesquisa realizada em 1974-75 era de 29,3% (meninos) e 26,7% (meninas). No entanto, os dados atuais da pesquisa de 2008-2009 mostraram que esses números caíram para 7,2% e 6,3%, respectivamente. Além disso, foi observado com grande frequência excesso de peso a partir de 5 anos de idade, independentemente dos grupos de renda e região do país. Entre meninos e rapazes de 10 a 19 anos o excesso de peso era de 3,7% em 1974-75 e passou para 21,7% na pesquisa atual, já entre as meninas e moças o excesso de peso era de 7,6% e passou para 19,4%. Ou seja, a desnutrição está dando lugar a um outro perfil também não saudável, o excesso de peso. Não que seja melhor um ou outro, devemos combater estes dois perfis nutricionais rapidamente (ambos são muito prejudiciais), dando destaque a prevenção do ganho de peso excessivo, que "reina" atualmente. 

Entre os homens, o excesso de peso passou de 18,5% (1974-75) para 50,1% (2008-09) e entre as mulheres a mudança foi de 28,7% para 48%. A Região Sul apresentou os maiores percentuais de excesso de peso, por isso a importância de um acompanhamento nutricional que objetive uma alimentação saudável e sem excessos. Os valores permaneceram em 56,8% de excesso de peso nos homens e 51,6% nas mulheres. A obesidade mostrou-se presente em 15,9% nos homens e em 19,6% nas mulheres.

É importante lembrar, no entanto, que nenhum dado isolado pode ser utilizado para determinar ou monitorar o estado nutricional. A interpretação do IMC para determinação do estado do nutricional deve ser analisada com cuidado, pois nem sempre o resultado reflete a condição real do indivíduo. Isso ocorre porque o IMC não reflete o índice de adiposidade corpórea total, já que atletas e indivíduos com grande quantidade de massa magra podem ter um IMC na faixa da obesidade. 

Fonte: Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009 - Antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Ministério da Sáude. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Rio de Janeiro, 2010.

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